28 May 2008

35 Anos do Ar.Co: A Imagem Fixa na Imagem em Movimento


A Cinemateca em colaboração com o Departamento de Cinema / Imagem em Movimento do Ar.Co apresentam:

35 Anos do Ar.Co: A Imagem Fixa na Imagem em Movimento

No âmbito das comemorações dos trinta e cinco anos da actividade iniciada em 1972 pelo Ar.Co – Centro de Arte e Comunicação Visual, este programa, sugerido pelo Departamento de Cinema / Imagem em Movimento está ligado directamente ao programa pedagógico deste Departamento e centra-se na “Imagem fixa na Imagem em movimento”, propondo uma série de 10 sessões e 13 títulos. Em primeiras exibições na Cinemateca, serão exibidos os filmes de Apichatpong Weerasethakul (“DOENÇA TROPICAL”), e de Terry Gilliam (DELÍRIO EM LAS VEGAS). A retrospectiva abre sob o signo de Bresson com LANCELOT DU LAC, um filme de presença habitual na cinemateca, que é também o caso da primeira longa-metragem de Fassbinder, “O AMOR É MAIS FRIO QUE A MORTE”. Chris Marker, Sergei Paradjanov, Aleksandr Sokurov, Jean-Luc Godard, Marcel Duchamp, Michael Snow e Jean Rouch complementam o elenco de realizadores presentes na retrospectiva.

(Terça-feira, 03 de Junho às 21:30) Com a presença de Manuel Castro Caldas
LANCELOT DU LAC
Lancelot do Lago
De Robert Bresson
França/Itália, 1974 - 85 min.
legendado em português

Robert Bresson aproxima-se da mitologia da Idade Média com um olhar despojado e austero, quase roçando a abstracção, muito longe do som e fúria que caracterizam as incursões de Hollywood no mesmo tema dos Cavaleiros da Távola Redonda e dos amores adúlteros de Lancelot do Lago e Ginevra, mulher do Rei Artur. A aventura que interessa a Bresson é a interior. O filme que está para o cinema como as Batalhas de Uccello estão para a pintura.

(Quarta-feira, 04 de Junho às 22:00)
SANS SOLEIL
De Chris Marker
França, 1983 - 100 min.
Não Legendado

Uma mulher narra os pensamentos de um viajante em SANS SOLEIL, baseado nas cartas de Sandor Krasna e construído como uma travessia do olhar pelo mundo, em que a realidade é evocada através da palavra. SANS SOLEIL é, juntamente com LA JETÉE, um dos filmes mais influentes e radicais da obra de Chris Marker, um conto e uma viagem contados em imagens fixas. Última passagem na Cinemateca em 1996.

(Sexta-feira, 06 de Junho às 22:00)
ANEMIC CINEMA
De Marcel Duchamp
1925 - 7 min.
Não Legendado
Filme mudo, sem intertítulos.

WAVELENGTH
De Michael Snow
Estados Unidos, 1967 - 45 min.
Não Legendado

ANEMIC CINEMA, famosa curta-metragem de Marcel Duchamp, é um ensaio filmado e provocante em que o autor põe em causa as próprias regras admitidas e aplicadas pelo cinema. O “one shot movie” de Michael Snow compõe-se basicamente de um longo zoom, que parte de um plano geral do interior de um apartamento para se deter numa fotografia afixada na parede. As personagens fazem a sua aparição dentro do apartamento, plano em quatro momentos. A experiência da duração, o jogo entre o dentro e o fora de campo e a “falsidade” do plano único fazem de WAVELENGTH um “sucedâneo underground” de ROPE, de Hitchcock.

(Segunda-feira, 09 de Junho às 22:00)
TSVET GRANATA-SAYAT NOVA
“A Cor da Romã – Sayat Nova”
De Sergei Paradjanov
URSS, 1969 - 70 min.
Legendado em françês

Biografia do poeta e trovador arménio do século XVIII Sayat Nova, na singular abordagem pictórica de Paradjanov. "Sayat Nova é Paradjanov como Andrei Roubliov era Tarkovski. A primeira legenda do filme, um verso de Sayat Nova “Eu sou aquele cuja alma está atormentada” é uma legenda que se aplica também à personalidade de Paradjanov" (Manuel Cintra Ferreira).

(Quinta-feira, 12 de Junho às 22:00)
LIEBE IST KÄLTER ALS DER TOD
“O Amor É Mais Frio do Que a Morte”
De Rainer W. Fassbinder
Alemanha, 1969 - 88 min.
Legendado em françês

Fassbinder dividiu as suas primeiras obras em. “fitas de cinema” e "filmes burgueses". Datam deste período três peculiares filmes de gangsters, entre os quais a sua longa-metragem de estreia "O AMOR É MAIS FRIO DO QUE A MORTE", que também é uma homenagem a VIVRE SA VIE de Godard. Ao enredo, típico de um filme de género, contrapõe-se uma encenação despojada, com magníficos enquadramentos e uma imagem muito branca, dos quais emana uma esmagadora força poética.

(Terça-feira, 17 de Junho às 22:00)
MESHES IN THE AFTERNOON
De Maya Deren e Alexander Hammid
Estado Unidos, 1943 - 18 min.
Legendado electronicamente em português

MARYA / MARIA
De Aleksandr Sokurov
URSS, 1988 - 40 min.
Legendado electronicamente em português

Escrito, realizado e interpretado pelo casal formado por Maya Deren e A1exander Hammid, MESHES IN THE AFTERNOON é a famosa curta-metragem experimental que Deren refere como “centrada nas experiências interiores de um indivíduo. Não regista um acontecimento que pudesse ter sido testemunhado por outras pessoas. Antes produz o modo pelo qual o subconsciente de um indivíduo desenvolve, interpreta e elabora um incidente causal aparentemente simples numa experiência emocional crítica”. MARIA, primeiro dos documentários de Sokurov, é composto por duas partes, filmadas com um intervalo de nove anos. O material inicial resultou de uma reportagem fílmica sobre uma trabalhadora de uma exploração agrícola colectiva, Maria, que Sokurov realizara para a televisão da cidade de Gorkí. Quando o realizador recebeu a notícia da morte de Maria, voltou com a sua equipa à aldeia, e continuou a história da vida de Maria Voinova.

(Quinta-feira, 19 de Junho às 22:00) Com a presença de Pedro Costa
OÙ GÎT VOTRE SOURIRE ENFOUÏ?
Onde Jaz o Teu Sorriso
De Pedro Costa
Portugal, 2002 - 104 min.
Legendado em português

No momento da montagem da terceira versão de SICILIA! por Jean-Marie Straub e Daniéle Huillet, Pedro Costa rodou uma “comédia da remontagem”. Por detrás da sua paciência "au travail", terna e violenta, os dois cineastas desvelam uma certa ideia do cinema, do seu cinema, do seu casal, e do casal "tout court".

(Sexta-feira, 20 de Junho às 22:00)
SUD PRALAD / TROPICAL MALADY
“Doença Tropical”
De Apichatpong Weerasethakul
França / Tailândia / Itália, 2004 - 118 min.
Legendado em inglês

Filmado em duas partes, TROPICAL MALADY começa como uma sensual história de amor e termina nocturnamente com uma caça ao homem pela selva tropical, combinando o lirismo e a magia numa abordagem radical. Primeira exibição na Cinemateca.

(Terça-feira, 24 de Junho às 22:00)
NOTRE MUSIQUE
“A Nossa Música”
De Jean-Luc Godard
França / Suiça, 2004 - 80 min.
Legendado em português

Evocação de Sarajevo, onde a cidade se “abre” para uma conotação simbólica humanista. Dividido em três partes ("Inferno", "Purgatório" e "Paraíso"), NOTRE MUSIQUE é uma reflexão vibrante e desencantada, sobre “os nossos tempos”, e sobre os conflitos que os rasgam (aos "nossos tempos"). Em fundo, o cinema: “alguma vez foi picado por uma abelha mortar?” pergunta que já vinha dos tempos de NOUVELLE VAGUE (1990) e repete a de Walter Brennan, em 1944, em TO HAVE AND HAVE NOT.

(Quinta-feira, 26 de Junho às 22:00)
FEAR AND LOATHING IN LAS VEGAS
“Delírio em Las Vegas”
De Terry Gilliam
Estados Unidos, 1998 - 118 min.
Legendado electronicamente em português

Las Vegas, 1971, é o ambiente e a época do filme realizado por Terry Gilliam a partir da famosa novela de Hunter S. Thompson, em que se relata a cobertura jornalística de uma corrida de motas no deserto do Nevada. Os seus protagonistas são o duo alucinado formado por um jornalista desportivo e o seu advogado samoano, obstinados em manter uma trip ininterrupta. Eufórico e melancólico, DELÍRIO EM LAS VEGAS reflecte também uma América em colapso. Primeira exibição na Cinemateca.

(Sexta-feira, 27 de Junho às 22:00) Com a presença de Amândio Coroado
ROBERT : SCHASTLIVAYA ZHIZN
“Hubert Robert: Uma Vida Afortunada”
De Aleksandr Sokurov
URSS, 1996 - 26 min.
Legendado em inglês

LES MAÎTRES FOUS
De Jean Rouch
França, 1954 - 28 min.
Legendado electronicamente em português

LES MAÎTRES FOUS, clássico do cinema antropológico de Jean Rouch, mostra uma cerimónia de possessão, mas também tudo aquilo que a antecede e que se lhe segue, a vida de cada um dos “possuídos” independentemente desta cerimónia. A abrir a sessão “HUBERT ROBERT”, de Aleksandr Sokurov, curta-metragem sobre um dos grandes pintores franceses da segunda metade do século XVIII.